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sábado, 8 de setembro de 2012
Anti-postal
"Se não é sua primeira viagem, o viajante já sabe que cidades como essa tem um avesso..." Italo Calvino
O avesso do que se vê, dos meus olhos que tornam tudo cinza, como maldição, ou privilégio, o que existe são cinza(s).
Como um "manque" um manco, uma mãe, falta-me um pedaço enorme, que mesmo percorrendo todas as ruas dessa cidade não o encontro. Nunca mais te encontro.
Não se trata de buracos, mas de afeto. De um cão deitado, em dia cinza, uma mão que toca o cão, que toca a mesa, que se toca. a mão que toca o cão, toca a lâmina, toca a neve, toca a pele que congela.
O avesso da cidade é o cão que abana o rabo e que pede humildemente afeto. Amar seria uma metáfora canina? O avesso da cidade é a mão da mãe, que mesmo trêmula suporta o peso de um outro corpo.
O avesso da cidade não está no postal, que envelhece pela falta de coragem em sair de casa e enviar-te algumas palavras. O avesso da cidade é o postal que não se tem coragem em entregar, é aquela foto que não se mostra, pois é ardência na retina.
O avesso da cidade é aquilo que falta. é o anti-postal.
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