terça-feira, 18 de setembro de 2012

Ela

Seu desejo, maladroit, era desejo por testemunho. Ela, que aparentava sustentar seu próprio peso sentia dor nos pés, e uma vontade imensa em descobrir mistérios, em tocar pele desconhecida, em falar daquilo que não se conhece direito.
Ela, que também tinha medo de perder-se, sabia que todo encontro amoroso, era uma oportunidade para se tornar testemunha de uma vida, e também de se deixar testemunhar. Os dias, as banais alegrias, os vazios, os livros.
Ela, que não tinha nem nome, pois desejo às vezes não se nomeia, não esperava nada, pois era em desespero que suas ações eram feitas.
Trabalhar, anotar pensamentos pelas paredes, recortar imagens, e colecionar histórias com finais estranhos.Tomar banho, ler um livro, regar suas plantas.
Ela, que era desespero e alegria, tornava-se cada dia mais bonita, mais sozinha. Ela era convite e espinho. Seus pés latejavam. Ele a temia.

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