sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Carta de amor e cimento

Do deserto onde encontro-me tenho apenas uma enxada como lança/palavra para cavar(te) alguma resposta. Não me resta ao menos o desejo por dançar. Minhas pernas, já tão cansadas de colapsarem, estão imóveis. Ainda há inquietude e palavra. Sobram-me palavras e uma certa incapacidade em realizar ações simples e concretas. Resto-me cinza(s). Não criarei metáforas. Prometo. Reconheço seu medo pelo o que é clichê, pelo o que em mim é "tournure". Te contarei um dia sobre o que não é materialidade. Por já, apenas descrevo.
Por essa já justificada incapacidade em realização, descrevo imagens/ações que realizar-se-ão um dia.
Talvez sim. Talvez não.
Talvez por mim. Talvez por você.
Descrevo no infinitivo. Seria isso uma metáfora?
Ação 1- dançar em um quadrado de 2x2 metros de cimento em fase não sólida. Mover-se abrindo e quebrando espaços internos acimentados. Mover-se como quem cria e destrói "nuvens de sentidos".
A ação dura o tempo do cimento se tornar osso.
Estariam os pés da pessoa que executa essa ação, descalços, te pergunto.
Ação 2- Cavar (com a mesma enxada do deserto) um buraco fundo. Entrar e permanecer nesse buraco por uma hora.
Ação 3- Bater com uma enxada fortemente contra um muro cinza. Permanecer nessa ação até um dos objetos (muro ou enxada) sofrer a primeira ruptura/destruição.
Ação 4-
Curitiba, 08 de agosto de 2012 às 21h07. (mês do cachoro louco)

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