sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Para não me levar a lugar nenhum

Aprendi contigo o sentido etimológico da palavra seduzir e por isso ali,naquele exato ponto, cotidiano, de ônibus (a seu pedido coloco elementos urbanos em meus textos) não deixei-me conduzir. Paralisei-me por instantantes.O tempo justo de perceber a falácia de um discurso que deseja apenas admiração, que seduz. Estanquei-me. Meu sorriso, que até ontem era de uma sinceridade infantil coagulou como sangue de animal que morre.

Não deixei-me conduzir-me. Não preciso que me navegues, e meu desejo, era que partisse longe com seu barco, pois sabia (ainda a seu pedido, coloco um clichê em um texto meu)-

pressinto que seu barco é furado.Parto para minha minha casa com meu pequeno bote salva vidas.

domingo, 4 de setembro de 2011

Corpo de vidro

Pediu insistentemente para ser suportado, mas as mãos que o portavam eram lisas e temiam enormemente a possibilidade de contato, temiam a sensação de retorno.
Transparente como vidro, mudo de pessoa. Não era ELE quem pedia, era EU - não há personagens. há situações que se repetem, que se enfincam.

RECOMEÇO.

Pedi insistentemente para ser suportado, pressentia o risco do estilhaço, mas o embaço, palavra grotesca, perturbava meus olhos. Arrisquei-me a falar, e há qualquer coisa na voz que é vidro também. A voz treme, e dos meus olhos jorraram água e areia.

Cobri meu corpo de areia. Deixei os olhos expostos, justo para ter a clareza de que voce realmente partira.

Parti-me. Meu corpovidro estilhaçado, meus olhos míopes sem lentes tombaram. Toda queda é uma pequena morte, uma espera.
Ali, esperava apenas minhas lentes, ou um pedaço de vidro que me fizesse olhar aquilo que deixei escapar.