domingo, 4 de setembro de 2011

Corpo de vidro

Pediu insistentemente para ser suportado, mas as mãos que o portavam eram lisas e temiam enormemente a possibilidade de contato, temiam a sensação de retorno.
Transparente como vidro, mudo de pessoa. Não era ELE quem pedia, era EU - não há personagens. há situações que se repetem, que se enfincam.

RECOMEÇO.

Pedi insistentemente para ser suportado, pressentia o risco do estilhaço, mas o embaço, palavra grotesca, perturbava meus olhos. Arrisquei-me a falar, e há qualquer coisa na voz que é vidro também. A voz treme, e dos meus olhos jorraram água e areia.

Cobri meu corpo de areia. Deixei os olhos expostos, justo para ter a clareza de que voce realmente partira.

Parti-me. Meu corpovidro estilhaçado, meus olhos míopes sem lentes tombaram. Toda queda é uma pequena morte, uma espera.
Ali, esperava apenas minhas lentes, ou um pedaço de vidro que me fizesse olhar aquilo que deixei escapar.

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