sexta-feira, 18 de julho de 2014

L ' amour boucher

Ele, que lidava com facas e com carne não poderia matar aquilo que eu denominava ser fome. Ele, habilidoso com ervas, com fogo e com facas não poderia fazer outra coisa que cortar-me. Ele, que aparentava ser mais novo que suas marcas no rosto dizia não ter pressa, não ter testa, não fazer festa, não ter tempo pra ciesta. Ele, que aprendera a temperar carnes, a matar bestas, não tivera tempo de aprender aquilo que chamamos abraço.
O contato entre dois peitos, entre dois corpos em pêlos só poderia ser feito após um apéro, un plat principal, un deserto, un fromage, un café, uma semana, un apéro, un plat principal, un dessert, um ano.
Para existir o toque faltava-lhe oceano.
Sua seriedade opunha-se violentamente ao meu riso que escorria pelas minhas lágrimas prestes a vazar em forma de mijo, em forma de rio, em forma de gozo.
Eu, que nada aprendera sobre facas, sobre temperos, sobre carne, continuo a sangrar.
Minto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário