quarta-feira, 22 de junho de 2011

um texto em primeira pessoa


Atendi o telefone, e tive a estranha sensação de que nada existia, uma voz sem som do outro lado mostrava a desenvoltura de quem come um sanduiche e fala sobre amor como se falasse de notebooks. Não havia sentidonenhum ali, pensei. Tomei o medicamento dos dias sem vontade e deitei-me.

Não queria ouvir o toque do telefone. Há vozes que não transPARECEM, há adverbios de tempo que me trovejam, mas há também aqueles adverbios de esconderijo, pouco estudado pelos linguistas, que nada entendem de corpo em colapso.
Ali, naquela zona onde eu (não) podia te encontrar fechei meus olhos, e com a boca seca e a histeria de um "bom dramatico" percebi que poderia logo te esquecer. Seus lábios escondiam espaços e mentiras.


Foto de Alessandra Araujo- I know I’ll be Safe in These Arms | 2007

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